O atleta do mês é o Jorge Azevedo! O Jorge é um pilar do badminton nacional e do norte em particular, sendo incansável na promoção da modalidade. É também atleta do Invicta Badminton Clube, tendo recentemente ido representa o IBC, o Porto e Portugal nos Seniors Championships 2022, na Eslovénia. Jorge Azevedo foi também campeão nacional de badminton, a singulares e pares, por várias ocasiões.
Há quanto tempo jogas badminton?
Comecei a jogar aos 10 anos no pátio de minha casa. Foi no ano de 1973, segundo uma fotografia que encontrei!
Recordas-te da primeira vez que jogaste? Com quem foi e onde?
Não me recordo…. Jogava com o meu irmão e os vizinhos no pátio da minha casa que por coincidência tinha as medidas do campo de badminton.
O que mais recordas dessa iniciação? De bom e de mau, se houver.
Lembro-me que perdia muitas vezes os torneios e jogos caseiros de badminton, porque era o mais novo do grupo de amigos. Quando entrei para o ténis e aprendi a pegar na raquete na forma correta, virei essa tendência ao contrário e comecei a ganhar a todos. Um dia, aluguei um court de ténis no Estrela e Vigorosa Sport e reparei num cartaz alusivo às regras do badminton na parede da secretaria. Questionei o clube dos horários dos treinos por curiosidade! Fui espreitar um dia um treino e no seguinte apareci! Isto foi por volta de 1978... Fui muito bem recebido pela equipa toda e pelos craques da altura do EVS, do qual ainda hoje mantenho uma amizade especial.
Como te vês agora no badminton, relativamente a esse início? Fala-nos sumariamente da tua evolução.
Comecei a treinar no EVS em 1979 e em 1983 fui Campeão Nacional de Portugal a singulares e pares homens com o Diamantino Pereira. Fiz parte das Selecções Nacionais de juniores e depois de seniores vários anos. Repeti o título de singulares só em 1987 e em pares fomos 5 vezes seguidas campeões.
Na juventude, treinar, era sempre que possível, desde que os estudos não sofressem com a situação. Felizmente tinha as portas abertas de todos os clubes da zona, e por isso ia treinando em todos. Isso deu-me muitos conhecimentos tácticos que depois usava nos jogos para me safar!! Parece que tinha um bom remate!?!
Essa fase terminou em 1993 com 30 anos.
Agora, a idade só me permite ir fazendo desporto. Tendo sempre presente que o muito que sei de badminton pode-se tornar perigoso para a minha condição física. Pelo meio estive parado 12 anos onde andei pelo squash, só para experimentar e regressar a uma competição de modo informal!
E o badminton, como mudou desde o teu auge desportivo, comparativamente com 2022?
Mudou bastante, impulsionado pela tecnologia das raquetes que permite atingir velocidades assombrosas e acelerar o jogo ainda mais. Como os treinos também se tornaram muito especializados e focados na rapidez, o jogo tem vindo a modificar-se.
Além do aspecto desportivo, como achas que o badminton te ajudou na tua vida?
Permitiu-me ter um ambiente social completamente diferente do que se tem na escola ou em família. Permitiu a criação de amizades especiais, que ainda hoje se mantém. Felizmente muitos desses amigos continuam ligados à modalidade, com quem vou contactando com regularidade.
Os Titulos? Ah certo! Foram a loucura no momento e o objectivo que perseguia atingido. Num flash deixou de ser importante.
Quem foram ou são os teus grandes influenciadores no badminton?
Muita gente que não iria conseguir nomear todos! A pessoa que me permitiu dar o grande salto desportivo foi o saudoso Henrique Neto, que numas férias esteve a treinar comigo diariamente, ainda em juniores. Nesse verão passei de atleta mediano a atleta que ganhava os torneios todos de juniores…. Excepto campeonatos nacionais!
No clube toda a equipa EVS que tinha à minha volta, com alguns mais marcantes como o Henrique Vidal, que injectava a loucura na juventude.
Quais os teus próximos objectivos desportivos?
Competitivos, não tenho. Só quero manter-me a fazer desporto, a ajudar os jovens que ingressam neste desporto a melhorar, quer tecnicamente como socialmente. Enquanto puder correr atrás de um volante é bom sinal!
Em relação a evoluir em termos competitivos a partir dos 50, achas que é possível, tanto para quem começou há pouco como para quem recomeça agora?
Claro que é sempre possível evoluir e melhorar e muito a sua condição física em qualquer idade que se comece a jogar. Tendo sempre em atenção os sinais de alerta que o corpo vai dando. Isso é fundamental porque em idades avançadas não se pode carregar da mesma forma que em idades mais precoces.
Agora com o meu percurso de competição na juventude essa evolução é relativa. Tento manter-me o melhor que posso!
Tens uma enorme intervenção no badminton, apoiando o Invicta e a divulgação do badminton em geral. O que achas que é mais importante fazer a nível nacional?
Dinamizar a parte comercial da modalidade, criar uma área profissional especializada focada nas bases, para que os imensos praticantes de desporto escolar que abandonaram o badminton, por falta de locais para o praticar, o possam fazer.
Como consegues conciliar os treinos que dás, tanto no Invicta Badminton Clube, como no CDUP, com a vida de dirigente desportivo na FPB?
Em determinada altura queria continuar a jogar badminton e estava de saída de um clube. Sem local onde prosseguir, tive de criar de raiz um clube para poder jogar. Esse clube gerou outro, outro e outro! Neste momento a minha ocupação é grande, estando a parte de dar treinos um pouco de lado. Foi este ultimo que tem vindo a sofrer com a minha falta de tempo.
Esta parte de dirigente desportivo está a tornar-se cada vez mais séria e vasta, tendo de ser encarada numa perspectiva quase profissional. Muitos desafios estão a aparecer pela frente, cada vez de maior dimensão e preocupação.
Sobre o Invicta Badminton Clube: o que achas que o clube trouxe à modalidade?
O IBC renascido veio dar à cidade do Porto um local de prática de badminton de excelência. Inicialmente a parte da excelência não estava nos horizontes mais próximos do clube, mas isso está a acontecer. Espero que seja uma referência de boas práticas desportivas!
Como vês a evolução futura do IBC?
Felizmente a adesão é enorme, quer de antigos jogadores como de novos e a expansão será inevitável. O grande desafio é conseguir corresponder em tempo útil às necessidades.
Como achas que o IBC pode ajudar o badminton nacional?
A ajuda do IBC já é uma realidade, sendo um clube em expansão, numa cidade carente de estruturas deste tipo. Juntando a isso os conhecimentos que alguns sócios têm da modalidade, toda a actividade que seja criada é positiva para o badminton nacional.
Por fim: o que dirias aos atletas que estão agora a considerar entrar na modalidade ou que competem há pouco tempo?
Divirtam-se a bater num objecto com uma raquete e a lançá-lo a todo o gás!
E não se esqueçam que os amigos criados no badminton são especiais e poderão ser alargados não só à escola como à cidade inteira, ao norte do país, ao país e, quem sabe, além-fronteiras.
Isso é o que fica dos sucessos ou insucessos desportivos! As vitórias são saboreadas de forma instantânea e logo passam…